segunda-feira, julho 31, 2006

nesga romântica

Teus abraços são ocos e você me afasta.Devagar. Como quem tem preguiça de conquistar. Pra quê?

Teu sorriso anda sereno demais. Minhas marcas sumiram. Teu olhar caridoso teve pena de nos. E elas sumiram.As marcas. Caminho lisa. Sem numero. Sem dor.

Esta me diz (e acende alguma coisa) :
_ Melhor assim.

A beleza vem de outro lugar. E minha saudade cava um buraco de dentro para longe de ti. Tua beleza é somente uma beleza. Sem fim.

Estou presa neste buraco. Como quem teme o que de si está por vir.

Minha vontade de amarrar num pano marrom as coisas que me vestem que me fazem. E pegar estas ruelas. Para sair deste buraco, levarei dias e dias sem fim. Desamarrei esta trouxa marrom. E visto as roupas que me fazem e elas não falarão mais por mim. Na estrada meus pés. Sinto-os leve. Não os sinto mais. A estrada vem...

Olhar para cima e sentir medo. As coincidências ali não se inscrevem mais. Tudo Deus dará. E Deus é casto. E cego. E minúsculo. E louco. E preguiçoso.O que ele, impreciso, pode nos dar?

E sorrir. sorrir. sorrir. sorrir. E gargalhe, se preferir.Quando no meio da garganta vislumbrar o buraco dos teus olhos. Os teus olhos não existem. Espelhos d'água. Somente espelhos e sexo. Sem origem. Translúcido é o olhar do Deus que dará. Quando estiveres preste a pegar as ruelas e sair do olhar. Saborosos raios de sol. Quando sair do buraco, teus olhos estarão na jugular. Saborosos. Os raios de sol.

E agora, correrei até nossa cama. E você já dorme. Acendo a luz. Num ímpeto, quase sem fôlego para dizer que você me afasta. Você me afasta. E é a pura verdade. Você me mantém a distância. Só assim, consegue comigo dormir todas as noites. Nesta cama branca. E você não abrirá os olhos e voltará a dormir. Sem culpa. No eterno não há culpa. Teu sono profundo. E não conseguirei dormir. Talvez meu dilema seja católico. A culpa. E no café da manhã adormecerei. Minha cabeça tombará sobre a xícara cheia de café. Você comerá o pão com queijo. O suco de laranja. E ao teu lado, eu durmo sem você. Vou indo... para as ruelas que te falei.