quarta-feira, junho 28, 2006

bagres cegos

Vocês podem não estar por dentro, pois evito explanar determinados projetos, aqui neste espaço-blog. Mas agora darei apenas uma dica:
bioespeleologia.


Uma artista norte americana pensa em seus trabalhos na questão do relógio interno aos organismos vivos, no caso específico de seus experimentos; o corpo humano (encéfalo incluso). Não sei qual resultado, protótipo ou antítese ela apresenta, após uma jornada de alguns meses, trancada em um recinto desprovido de luz, relógio ou acesso à mídia. No entanto. Sei dos bagres cegos, habitantes das águas cavernículas. Não dormem. Cochilam ou repousam apenas. Sua atividade orgânica funciona à ritmo lento. Permanecem continuamente em um estado de relaxamento. Não existem predadores nas cavernas. Não precisam das horas de sono. Não consomem à si mesmo inutilmente. Ou quem sabe nem tão inutilmente. Mas, em todo caso, são essencialmente diferentes, os seres regidos diretamente pela luz do sol. O fogo. Que seria, originalmente GNOSIS, o conhecimento. O Parametro vital do Universo em função do qual os organismos respiram, dormem, enxerguam, e até movimentam-se. A luta pelo lugar ao sol das plantas. E nós. Plantas embrutecidas pela arrogancia cerebral. A arrogante ilusão do livre arbritio. Ok. Deixem que valia a pena sentir-se poderoso, o controle daquilo que pode ser aparentemente manipulado. Pois bem. O que se sabe é que o bioritmo do homem não comporta o tempo do universo. Vivemos pouco. Muito pouco mesmo. Pelo menos enquanto identidade e caixinha corpórea que somos. E, o que sabemos é que o Todo aquece-se abruptamente, não como pregam outros tolos, por uma possível revolta da natureza contra nós. ha.ha.ha. O que somos nós? Natureza, é obvio. Aliás nossa função final é transformarmo-nos em alimento para seres minúsculos e feiosos( talvez por esta mesma razão, odiamos de maneira tão veemente tudo o que possa ser minúsculo e feio.ha.ha.ha.). Besouros. Lesmas. Minhocas. Moscas. ha.ha.ha. Somos seus Big Macs, com maionese. Nos aguardam, famintos porém tranqüilos ( a prova da sabedoria destes pequenos seres é justamente que eles não são ameaças para a nossa espécie. Apenas, como Reis elegantíssimos, esperam nosso fim e fazem de nós, suculentos banquetes.) Servimos também como adubo. Belas e serenas árvores, gramados, capins, flores de toda sorte, comam-me! Enfim. Ia dizendo. Não existe apocalipse, revolta ou prega rogada alguma! Existe o diálogo entre os corpos regidos direta ou indiretamente pelo conhecimento, que por sua vez, em grande parte reside no Sol. Porque é fogo, portanto luz e calor. Ou seja o maior dos conhecimentos está obviamente naquilo que independe de nosso estúpido encéfalo que aliás (voltando a artista norte-americana) é realmente um diabinho pois adora ser domado por si mesmo, fingindo buscar liberdade. Nossa racionalidade reside principalmente na nossa capacidade de transformarmo-nos em mártires de nós mesmos. Ou vítimas eternas. Nossa brilhante consciência adora um sexo pesado, estilo literatura série B de banca de jornal. Sado-Maso. Com loiras peitudas (e tão gostosas que deixariam qualquer homem anti viagra, brocha). Esta é a nossa favorita jogatina. Inventamos toda a sorte de instrumentos reguladores. Castramo-nos. E de maneira linear, ou seja, a cada década, a cada ano ( e atenção que o espaço de tempo seja sempre mais mordaz, queremos mais e sempre mais chibatadas!) inventamos (ou reproduzimos?) o maior número possível de amarras condicionadoras. Relógio. Tv. Tv a cabo. Internet discada. Internet a cabo. Internet sem cabo. E outras cossitas más. Até aonde nossa limitada, porém já bastante megalomaníaca, visão de universo ou globo nos permitir alcançar. Se isto é a realidade? Sei não. Desconfio que esta é a casa de bonecas assassinas que nosso ego infantilizado e contemporâneo sente tesão em construir. E ali, brincamos. Bonequinos bobinhos que somos todos nós, principalmente os mais inteligentes, sobre tudo burrinhos bonequinhos cujos os QIs estão tão acima da média. E transformam o globo para que ele seja o mais parecido possível com uma gaiola de cacarecos informados da informação lógica e universalmente inútil ( estou sendo gentil).

Salve os bagres cegos das cavernas! Que lêem o Sol de maneira indireta. Na sombra.